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Aos 84 anos, dona Almina elaborou um manual para ajudar os adultos a vencer o medo da tecnologia

23 de setembro de 2009 2 comentários
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Aos 84 anos, dona Almina elaborou um manual para ajudar os adultos a vencer o medo da tecnologia
Dona Almina venceu o preconceito e mostra que é possível superar dificuldades por meio da perseverança




(Foto: Antônio Vicelmo)

"A auto-estima é a percepção que a pessoa tem de si mesma. Esta revisão de vida auxilia na auto-aceitação de habilidades, características e limitações. Isso ajuda a desenvolver melhor a auto-percepção, ou seja, a estar mais satisfeita coma vida". Com esse exercício de reflexão, a aposentada Almina Arraes de Alencar Pinheiro, 84 anos, irmã do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, abriu uma janela para o mundo, a partir da adoção do computador na vida cotidiana.


Viúva, com os filhos, netos e sobrinhos distantes, alguns deles no exterior, dona Almina descobriu que a internet seria a forma mais prática de manter o relacionamento com a família.

Ela lembra que os sentimentos de abandono, tristeza, sensação de inutilidade, apatia e desesperança são rotina de inúmeros idosos de hoje.
Assim, ela procurou um curso de informática para entrar no mundo virtual. Procurou formar um grupo da terceira idade para assistir às aulas, mas ninguém se entusiasmou com a idéia. O computador, para a maioria dos idosos, era "um bicho de sete cabeças". Mesmo assim, dona Almina não desistiu. Matriculou-se sozinha num curso onde predominava a presença de crianças. No primeiro dia de aula, um garoto de 12 anos perguntou: "A senhora é a professora?". "Não, eu sou aluna", respondeu. Com seis meses de aula, ela saiu pronta para navegar num mundo que ela até então desconhecia.

Palavras como e-mail, adicionar, anexar, digitar, bytes, megabytes, download, site e outras tantas do mundo virtual agora fazem parte do seu dia-a-dia.
O primeiro computador foi doado pelo filho, Joaquim, que mora em Recife. O segundo foi um presente emocionante. Joaquim conta que, há cerca de 30 anos, um jovem pobre disse para dona Almina que não ia fazer o vestibular porque não tinha dinheiro para pagar a inscrição. Imediatamente, ela entregou o dinheiro ao jovem, dizendo: "você me paga com o seu diploma". O jovem formou-se, tornou-se Dr. Júlio Pinto. Hoje, é professor universitário. Ao tomar conhecimento de que dona Almina estava dominando computador, Júlio Pinto a presenteou com uma máquina de última geração equipada com câmera e impressora.


Animada, ela elaborou um manual com o título "Minhas Lições", que está distribuindo com as amigas da terceira idade e pessoas que ainda resistem ao computador. O objetivo é ajudá-las a superar seus medos e resistências às novas tecnologias.
O computador foi instalado numa das salas do casarão da família decorada com fotos dos parentes mais próximos, entre as quais uma foto grande da primeira campanha vitoriosa de seu irmão, Miguel Arraes, ao Governo de Pernambuco. Ali, ela percorre o Brasil e o mundo. Recebe cerca de 100 e-mails por dia. Grava programas, filmes e músicas que lhe interessam. Copia, recebe e transmite fotografias e faz compras.

O mais importante, segundo dona Almina, além do contato com a família, é a pesquisa. "O computador é uma livraria dentro de casa".
Dona Almina justifica que o aprendizado favorece o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, quando este é flexível e perspicaz para acomodar a novidade e a renovação. "Abre o intelecto humano para investigar. É preciso levar o adulto a pensar, cultivar o espírito crítico e questionador que ele traz consigo, às vezes, adormecido".

Ao fazer estas observações, dona Almina adverte: "Não permita que a distância entre o velho e o novo sejam barreiras, é o grande desafio que temos, uma luta constante contra todas as ações discriminatórias que possam existir, permanecer e aparecer no processo vertical e horizontal da educação. Ao fazer esta advertência, dona Almina complementa: O idoso não pode se entregar à apatia. A aposentadoria não deve ser encarada como objetivo, muito menos como condição para que se pare de produzir".



Fonte: Diário do Nordeste
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2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns a Dona Almina, por sua luta para vencer todas as barreiras e superar suas próprias limitações, ajudando outros idosos a fazerem o mesmo.

Parabéns à Silvia, por ter "garimpado" mais essa bele notícia.

Lucia Fontes disse...

Maravilha!!!!