1.o Colocado "LONGEVIDADE HISTÓRIAS DE VIDA BRADESCO SEGUROS" 2012

Velhos Rabugentos... (por Silvia Masc)

11 de março de 2011 18 comentários
Quando comento em um grupo que escrevo sobre envelhecimento, com muita freqüência surge em forma de afirmação ou de pergunta, algo assim: - “Por que será que os velhos são tão rabugentos, às vezes manipuladores como crianças e cheios de manias”?
De acordo com o dicionário, rabugento é quem tem mau humor, intolerância, e tende a implicar e se queixar de tudo; irritadiço, ranheta, ranzinza.

Por observação e leitura, tenho a minha opinião; - Os idosos não são rabugentos por definição, e quando são, não é simplesmente porque ficaram idosos, já eram pessoas implicantes antes de se tornarem idosos, ou, estão passando por alguma situação atípica.

Tirando a proposta cômica, vejo esse comportamento, como se no envelhecimento as nossas características passassem a ser moldadas por um caricaturista, onde as peculiaridades ou defeitos se tornam exagerados, o jovem ou adulto implicante ranzinza e ranheta, no futuro, fará com perfeição o personagem do “velho rabugento”. 
Me lembro do Marquinhos, filho de uma amiga, uma criança adorável, mas se estivesse com fome, era o perfeito rabugento, hoje o Marcos, biólogo formado, continua adorável, mas quando o almoço atrasa, ele franze  a testa e resmunga, o comportamento é  igualzinho ao quando tinha 4 ou 5 anos, até são as mesmas as expressões, não creio que quando ele tiver 60 ou 80, isso vá mudar. Aqueles que foram na juventude brincalhões, continuam bem humorados, observo o Sr. Erasmo um amigo da família, aos 91anos, continua uma figura muito agradável, e de fácil convivência, aliás ele e a esposa, Dna. Leny, sempre sorridentes, e com boas histórias pra contar.

Há  aqueles que são rabugentos, e os que estão por alguma adversidade.

Os idosos quando dependentes ou temporariamente dependentes, podem se tornar irritadiços, deprimidos e envergonhados porque ficam expostos a outras pessoas, é preciso ter muita sensibilidade para lidar com essas questões, respeite os costumes da pessoa cuidada e lembre que confiança se conquista, com carinho, tempo e respeito.

As pessoas idosas tendem a perder a audição, e quando muitas pessoas em seu redor falam ao mesmo tempo, eles se “desligam, ou se irritam. Devemos isolá-los? Não, apenas não forçá-los a ficarem em ambientes barulhentos.

Muitas vezes até com boa intenção, acabamos infantilizando os idosos, oferecendo-lhes, lanchinho, frutinha e leitinho, tudo bem, se eles gostarem disso, mas há muitos que não gostam (minha mãe, adora). Devemos então respeitar essa preferência.

Filhos que não estão muito próximos dos pais, quando telefonam, por exemplo, podem ouvir muitas queixas e quando verificam com quem está mais próximo constatam que são infundadas, entendem como ações de manipulação, manha etc. Será que não é carência? Vontade de ter os filhos mais próximos?

Nós os filhos, também temos a nossas implicâncias com eles e muitas vezes, tentamos interferir, nos hábitos, na maneira com que eles se vestem e até na casa onde nossos pais moram, é possível que aquele peixe (bibelô) que eles colocam na mesa da sala, não seja do nosso agrado, mas é casa deles, e lá eles colocam o que bem entenderem, como fazemos na nossa casa.

Nós, não gostamos de almoçar em pleno domingo as 12:00 hr, mas eles se acostumaram com isso, que tal nesse dia, tomar um café mais leve para almoçar mais cedo?

E aquela camiseta para nós horrorosa que o nosso pai adora? Concordo que se formos levá-los à um lugar que exija uma roupa mais formal é natural que tenhamos que intervir, eu, quando encontro alguma resistência por parte dos meu pai nesse sentido, não digo que a roupa está HO-RRO-RO-SA sigo uma receita que costuma dar muito certo, pego uma peça  mais adequada, e digo - Coloque essa, quero que todos vejam que você, é o velhinho mais lindo e elegante da festa, é infalível... idosos adoram um elogio, ache a sua maneira de convencê-lo (a), sem constrangê-los.

E as manias? Quem não as tem? Se não for algo que vá colocá-los em risco, ou prejudicar quem está por perto, feche os olhos e relaxe, rir das situações para nós estranhas, é a melhor maneira de não gerar estresse, e não nos tornarmos rabugentos, mau humorados, intolerantes, implicantes, irritadiços, ranhetas e ranzinzas. 

Agora vai um recadinho para aqueles intolerantes de plantão, velhos ou não - Bom humor faz com que as pessoas queiram ficar ao seu lado e 80% da boa qualidade ou não, do seu envelhecimento, vai depender de como você leva a sua vida, isso já foi cientificamente provado.


E você, o que pensa sobre isso?

Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

18 comentários:

Beth/Lilás disse...

Nossa, Silvia, quanta verdade em seu texto!
É assim mesmo que presencio em um ou outro velhinho, seja da família ou fora dela. Tem gente que eu penso que sempre foi chata, e agora na velhice está mais ainda, parece que a coisa ficou mais reforçada. haha
E tem também aquelas tipo minha mãe que se eu passar alguns dias sem falar com ela, ao perguntar como está, primeiramente começa a desfolhar um leve rosário de lamentações, dóí aqui ou ali. Então, minha irmã vem ao telefone em seguida e diz que não é bem assim, que ela costuma fazer um certo draminha quando vem falar comigo, acho que é carência mesmo, vontade de estar perto de ser acarinhada, sabe como é?
Bem, velhinhos rabugentos eu tô fora, não dá pra ficar de papo com uma pessoa que você quer ajudar e ela diz "Não, não quero!". E olha, eu sou bem tolerante com os idosos, aliás vivo de papo com eles aqui pelo meu bairro que tem um grande número de idosos, mas velhinho chato eu quero distância. haha
Muito bom seu post, adorei!
bjs cariocas

Anônimo disse...

Otimismo, bom humor e a paciência
com certeza são os medicamentos cer-
tos não só na velhice, mas que devem
nos acompanhar por toda vida...este
é o segredo para sermos disputados
pelos amigos e pela família...bom
demais!!!!!!!

Leny e Erasmo. de Carvalho disse...

Você é demais...amei...belo artigo...profundo...parabéns
Obrigada pela referencia....bjsssssssssssss

Silvia Masc disse...

Beth, vejo que temos que "pensar" os dois lados.

beijo

Silvia Masc disse...

Queridos Leny e Erasmo,vocês para mim, são o exemplo de companhias encantadoras, gosto muito de estar com vocês.

beijos

Silvia Masc disse...

Anônimo(a), você me inspirou à escrever sobre o personagem inverso do rabugento, quem sabe, sobre aquele você e vovó como muitos que tenho visto por aí, que são alegres e participativos.

abraços

Roberto e Beth disse...

Esta pergunta que você ouve muito: (“Por que será que os velhos são tão rabugentos, às vezes manipuladores como crianças e cheios de manias”?) devia também ter a mesma freqüência que esta outra: “Por que será que os jovens implicam tanto com os velhos, chamando-os de rabugentos, manipuladores como crianças e cheio de manias?”
Sim, porque a recíproca é a mesma.
Sei de muitos casos que os velhos são realmente rabugentos e intoleráveis, mas sei também e com muita maior freqüência de jovens que não suportam os velhos que na sua maioria são pais ou avós deles próprios.
Fazer os jovens compreenderem que estão errados e corrigirem seus modos de agir com os velhos é tão ou mais difícil que tentar fazer os velhos deixarem de ser ranzinzas.
Como você diz no seu artigo, e com muita competência, esse modo das pessoas agirem, já é da índole da pessoa.
Mas existem casos também, de pessoas que sempre foram implicantes e nervosos e que quando envelhecem, não sei porque se fecham em si mesmo, e não implicam com ninguém.
O avô da Beth, por exemplo, quando era mais moço, tinha um armazém, e não sei como ainda tinha freguesia, pois era um japonês mal-educado e grosseiro com os fregueses. Quando envelheceu, teve que morar com os pais de Beth. Pois bem, ele se trancava no quarto, ficava assistindo televisão o dia todo e só saía para almoçar, ir ao banheiro e andar pela rua. Ele gostava muito de andar. Não perturbava ninguém, parecia até que não existia.
Outro caso, foi o de meu irmão: Quando ficou viúvo, foi morar com a filha. Ele tomava muito cuidado para não interferir na vida do casal, apesar de servir de pajem para o neto, ajudar no almoço e por cima trabalhar para ajudar nas finanças da casa.
Veja só: apesar de participar da vida do casal, nunca houve um atrito sequer entre eles. Após o jantar ele se recolhia ao seu quarto para deixar o casal a vontade.
Já minha mãe foi diferente: Sempre foi autoritária com os filhos (9 filhos) e quando ficou velha, queria mandar em todos os filhos. Foi morar com uma filha e queria estipular até o horário que o casal tinha de dormir! Ela tinha que ser revesada com outros filhos, até que chegou num ponto que teve que ser internada numa casa de repouso. Isso não quer dizer que os filhos não a amassem. Todos nós íamos visita-la, mas nós tínhamos também que viver nossa vida. Tínhamos compromissos, problemas financeiros etc. e não podíamos ficar pajeando ela o dia todo. Ela não podia ficar sósinha em casa de jeito nenhum. Apesar de ser perigoso, ela tinha uns ataques de nervo e se punha a gritar.
Resumindo: Eu acho que devemos procurar ao máximo ser tolerante com os idosos. Nunca tentar modificá-los para a maneira que gostaríamos que fosse. (isso é impossível) e sim tentar compreende-los para não tornar a convivência com eles, um inferno!
“Ser amado, ser elogiado e ser reconhecido é uma premissa que todas as pessoas, principalmente os idosos desejam e merecem.”
Beth escreveu uns artigos no Blog dela
(elisabeth-divagando.blogspot.com) que vem bem a calhar: SER MÃE e SER AVÓ.
Ela também gostaria de ver um comentário seu.

Estou enviando um e-mail bem a propósito.

Lu Souza Brito disse...

Olá Silvia,

Eu vou concordar com tudo que o Roberto & Beth disse acima.

Por vezes implico com minha mãe pela "mania de doença" e pelo pessimismo. Mas tento me controlar.
É que ver quem a gente ama so queixando, so maldizendo a vida, sem brotar um sorriso dá um desânimo, sabe?

E o texto é muito verdadeiro quando diz que o rabugento de hoje já era assim quando jovem. Eu mesma procuro me corrigir, pq há situações que me pego reclamando, queixando, implicando. E sempre ouço que ninguém irá me aguentar quando ficar velha, ahahaah (nem eu).
Bom humor é qualidade de vida né? Bora mudar as atitudes desde já!

Jo Turquezza disse...

Oi Silvia!
Penso que é assim:
Não mudamos, nem com a idade.
Acho que a diferença é que jovens são mais rápidos e idosos mais lentos, em algumas coisas da vida, portanto, o conflito está aí! Será?
Um caso a pensar.
Beijos.

Leci Irene disse...

Concordo em gênero, número e grau contigo! Meu pai é rabugento, mas sempre foi! Minha mãe é bem humorada e mesmo estando com o lado direito sem poder usar, ela continua com o mesmo bom humor!
Olha, bom seria ouvir, aliás, ler a opinião de quem tem mais idade....
Ou,... quem sabe assumir o compromisso de expor nossas idéias daqui há alguns anos hehehe

Silvia Masc disse...

Roberto e Beth, muito enriquecedor o seu comentário, complementa o conteúdo para reflexão., Me fez lembrar o que disse Harold Kushner "Se modelarmos uma sociedade em que os idosos sejam queridos e levados a sério, seremos capazes de envelhecermos sem temer esse destino".
Obrigada pela visita e pelo seu comentário.

Silvia Masc disse...

Lú,
Será que aí também não há um quadro depressivo?
Agora você resmungando, para mim é surpreendente, te acho tão prá cima... rs
beijinho

Silvia Masc disse...

Turquezza, creio que o conflito, vem da intolerância que pode ser de ambos, jovens e idosos, por razões que coloquei no post.Mas concordo plenamente com a impaciência dos mais jovens.

Obrigada pela sua visita e comentário.
beijinho

Silvia Masc disse...

Leci, me parece que você puxou a mamãe... rs Sempre bem humorada.

Beijo e obrigada

welze disse...

bela postagem, gostei demais da colocação do estar e não ser rabugento. bom final de semana

Jaime A. Pedrosa - SP disse...

Oi Silvia, tenho 83 anos, e diariamente entro aqui, mas nunca comentei, gostei muito do que você escreveu, e dos que as ;pessoas comentaram, eu quando jovem não pensava sobre como seria a minha velhice, fui vivendo, mas sempre com bom humor a minha vida que foi cheia de adversidades, perdi 2 filhos muito jovens, perdi a minha esposa amada e um terceiro filho o ano passado, trouxe a minha nora e os meus 3 netos para morar comigo e somos uma família feliz, temos as nossas rusgas, mas aprendi que para viver bem com os meninos, eu teria que me parecer um pouco com eles, sem perder a autoridade de quem também os educa, então aprendi a jogar vídeo game, também passeio de bicicleta com eles no parque, eu era muito resistente a usar o celular, perdi o medo e hoje me comunico com eles também por SMS.
O mais velho que cursa medicina fora, continua atencioso comigo, claro que entendo que hoje ele tenha menos tempo, já que estuda muito, portanto não cobro, mas semanalmente me enche de prazer receber uma ligação dele, Não quero aqui dizer que sou melhor que ninguém, acho que a educação influi, mas aquilo que as crianças trazem dentro de si desde o nascimento, também influi para um bom relacionamento, Me sinto respeitado e tb. Dou respeito. Não usufruo do direito de ser idoso e achar que devo ser tratado diferente, acho que respeito em todos os níveis , idades e credo, deveria ser ensinado em casa e na escola, desde quando as crianças passassem a entender, o quanto ele é importante para vivermos bem.
Hoje me considero um, velhote muito feliz. (risos)
Obrigada por manternos informados nesse espaço, eu tenho grande admiração por você.
Um abraço afetuoso
Jaime A. Pedrosa
São Paulo Capital

Silvia Masc disse...

Oi Welze, as vezes não somos, apenas estamos, e sendo fase, sempre passa.
Beijinho e obrigada pelo seu comentário

Silvia Masc disse...

Fiquei encantada com o senhor e com o seu comentário, o senhor é um belíssimo exemplo do que tentamos passar aqui no Longevidade. Parabéns, e tenho certeza que os seus netos e nora, devem gostar muito viverem ao seu lado.
Um grande abraço.