Um dos "serviços" que os jovens podem prestar é simplesmente fazer companhia aos idosos. (Ursula Markus/Pro Senectute) |
Por outro lado, jovens têm cada vez mais dificuldade para encontrar uma moradia em metrópoles como Zurique. Não apenas faltam moradias, mas também os valores dos aluguéis alcançaram patamares astronômicos. Mesmo as pessoas com rendas fixas também sofrem com a situação.
Para unir os interesses dos que procuram e os que têm espaço de sobra, a fundação Pro Senectute no cantão de Zurique (uma organização de apoio ao idoso) lançou o projeto "Morar em troca de ajuda". Ofertas semelhantes já funcionam com sucesso há vários anos em diversas cidades universitárias na Alemanha.
A ideia é simples: idosos oferecem o espaço não utilizado nas suas moradias para estudantes em necessidade. Em troca, estes realizam pequenos serviços ou lhes ajudam no seu cotidiano.
Projeto-piloto em Zurique
Na Suíça, Pro Senectute do cantão de Zurique é a primeira organização a promover essa forma de moradia compartilhada. "Seguramente já existem outras iniciativas semelhantes em caráter privado", explica Marlys Agbloe, coordenadora do projeto.
Pessoas idosas acumularam nas suas casas ou apartamentos recordações de toda uma vida. Para eles é importante que uma organização reconhecida lhes dê apoio no momento em que abrem as portas dos seus lares para estranhos.
Até hoje, a fundação já intermediou onze vezes moradias compartilhadas entre jovens e idosos. O projeto ainda está na fase-piloto de dois anos, que deve ser concluída em maio. Depois a direção da Universidade de Zurique fará a avaliação final.
Um metro quadrado por uma hora de trabalho
Os estudantes nessa condição não pagam aluguel. Porém eles se comprometem a cumprir uma hora de trabalho mensalmente por cada metro quadrado do espaço que receberam. "Esses serviços não podem substituir o trabalho pago, como o de uma empregada ou jardineiro", lembra Agbloe. "Trata-se apenas de uma ajuda adicional."
Os serviços dos estudantes podem ser os mais diversos: passear com os cachorros, ajudar a fazer compras, preparar uma vez por semana a refeição da noite, guardar a casa durante longas ausências, fazer trabalhos difíceis de limpeza, no jardim, acompanhar idosos ao teatro ou até mesmo ajudar em pequenos problemas no computador.
"Procuramos nos certificar que os quartos colocados à disposição dos estudantes atendem às suas necessidades. Também procuramos conversar com os idosos para compreender o que procuram. Depois convidamos os estudantes interessados e esclarecemos a sua vontade de participar no projeto", afirma Marlys Agbloe.
Depois que a Pro Senectute encontrou o "par" ideal, estudante e idoso são aproximados. "No primeiro encontro discutimos sobre a oferta, mas também sobre as expectativas e desejos", esclarece a coordenadora. Durante outros encontros, a fundação ajuda os estudantes e os idosos a elaborar uma espécie de "contrato", onde fica descrita a prestação fornecida pelos dois lados.
Todos têm vantagem
Para estudantes, o projeto oferece uma moradia sem custos em Zurique. Do outro lado, os idosos recebem um auxílio para o seu dia-a-dia. Os dois lados se beneficiam da situação.
Porém isso não é tudo: o principal objetivo do projeto é incentivar o relacionamento entre as diferentes gerações. "Os dois lados precisam manifestar um interesse em assuntos que extrapolam as suas gerações e considerar que esse tipo de contato é enriquecedor", completa Agbloe.
Em primeira linha, o projeto zuriquense tenta lutar contra o problema do isolamento do idoso e apoiar contatos que possam melhorar a qualidade de vida e também a competência social dos dois grupos.
Reações positivas
As experiências foram consideradas positivas. "Um estudante, que viveu na casa de uma senhora de idade, se mudou para o exterior. A idosa telefona-me todo dia e pergunta se eu não encontrei um substituto. No seu caso, o convívio dela com o jovem funcionou perfeitamente, apesar das dúvidas iniciais por parte dela."
Pro Senectute acompanha o convívio e oferece, em caso de diferenças de opinião, apoio. Por vezes é necessário falar de problemas, o que facilita de forma preventiva a sua solução.
Porém é preciso estar alerta para que determinadas fronteiras não sejam ultrapassadas, como avalia a coordenadora do projeto. "Tanto os estudantes como os idosos devem ter a capacidade de dizer 'não' para desejos adicionais, que não estejam descritos no acordo."
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