Na esclerose múltipla, o próprio sistema imunitário do corpo ataca e destrói a mielina, estrutura que encapa uma parte do neurônio Foto: Stock.Xchng / Divulgação |
Mitos e verdades sobre a esclerose múltipla - Dia de Conscientização sobre Esclerose Múltipla
30 de agosto de 2013
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A esclerose múltipla é uma doença muito rara?
MITO - A esclerose múltipla não é tão rara assim. Ela
acomete jovens em todo o mundo e seus sintomas iniciam-se geralmente antes dos
30 anos de idade.
Estima-se que existam cerca de 30 mil pessoas com esclerose
múltipla no Brasil e cerca de 2,5 milhões pelo mundo. Para uma doença
neurológica crônica é uma incidência bem alta, sendo uma das principais causas
de incapacidade adquirida na população jovem e produtiva, perdendo apenas para
traumatismo craniano.
Ela ocorre mais em mulheres — três para cada homem — e pode
atingir, eventualmente, crianças.
A esclerose múltipla é uma doença degenerativa?
MITO - Muita gente acha que a esclerose múltipla é
degenerativa, como o Alzheimer ou o Parkinson, mas, na verdade, é uma doença
inflamatória.
Na esclerose múltipla ocorrem surtos de inflamação de tempos
em tempos — que é variável de paciente para paciente — no cérebro, medula ou
nervo óptico (nervo da visão). A inflamação é gerada pelo próprio sistema
imunológico da pessoa, que identifica a estrutura que encapa uma parte do neurônio
(chamada mielina) como algo a ser agredido.
Com isso surgem focos inflamados em alguma região do sistema
que passa a funcionar com dificuldade. O sintoma do surto pode ser uma
fraqueza, perda de sensibilidade, tontura, visão borrada ou dupla, o que
dependerá do local atingido.
Trata-se de uma doença crônica, autoimune (como a
tireoidite, o diabetes tipo 1, o vitiligo, a psoríase, por exemplo) e de
evolução tipo surto-remissão, uma vez que a agressão ocorre e depois cede,
podendo deixar sequelas. Por isso, o tratamento é com anti-inflamatórios
durante um episódio agudo e com remédios que regulam o sistema imunológico na
fase de calmaria, a fim de evitar uma agressão nova.
A esclerose múltipla pode levar a alterações intelectuais?
MITO - Os focos de "esclerose" são geralmente
profundos e pequenos, com isso, raramente ocorre alteração intelectual ou de
comportamento importante, mesmo com anos e décadas de doença.
Os sintomas são predominantemente físicos, como fraqueza,
alteração visual e alteração sensitiva. Casos de franco declínio intelectual
são vistos muito eventualmente ou depois de muito tempo de seguimento e uma
carga de lesão bem extensa.
Isso é muito importante, pois muitos pacientes podem ter uma
vida ativa e produtiva, tanto no aspecto físico, como intelectual e social.
Esclerose múltipla atinge só pessoas mais velhas?
MITO - Muita gente associa o termo esclerose com idade
avançada. Neste caso, é justamente o contrário. Quem apresenta mais a doença
são mulheres, jovens (antes dos 30 anos), de pele mais clara (caucasianas).
No entanto, a doença pode acometer homens, crianças e
eventualmente, pessoas acima dos 50 anos.
A esclerose múltipla não atinge os nervos?
VERDADE - A esclerose múltipla é uma doença
predominantemente do sistema nervoso central. Ela acomete o cérebro (qualquer
região, principalmente a substância branca, mais profunda) e a medula espinhal.
O único nervo que é atingido com muita frequência é o nervo
óptico, causando embaçamento na região central do olho e dor à movimentação
ocular. Os outros nervos do corpo geralmente são poupados.
A esclerose múltipla tem tratamento?
VERDADE - É uma doença inflamatória causada pela ação
equivocada do sistema imunológico. O tratamento visa reduzir o tempo e o grau
de inflamação durante um surto e, fora dele, organizar melhor o sistema imune
de forma a evitar uma ação equivocada contra o sistema nervoso.
O tratamento crônico deve ser escolhido caso a caso e visa
reduzir a taxa anual de surtos. Caso ocorra um, o tratamento com
anti-inflamatórios na veia está indicado o quanto antes para facilitar a
recuperação.
Cada paciente evolui de um jeito, existem casos mais
agressivos e casos de evolução bem mais benigna, aonde o paciente se mantém
funcional por muitos anos e até décadas.
O diagnóstico pode ser complicado e o tratamento é caro?
VERDADE - O diagnóstico exige conhecimento médico
especializado, geralmente de um neurologista clínico, e exames sofisticados
escolhidos caso a caso.
Com isso, uma parcela muito grande da população tem o
diagnóstico atrasado e fica sem tratamento. Estima-se que apenas 5 mil dos 30
mil casos no Brasil tenham recebido diagnóstico e tratamento adequados.
É fundamental disseminar os sintomas mais frequentes,
preparar os médicos da atenção primária e melhorar o acesso aos especialistas.
Com relação ao custo do tratamento, realmente as medicações que visam evitar os
surtos são caras. No entanto, no Brasil, são dadas integralmente pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) mediante preenchimento de protocolo apropriado.
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