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ALZHEIMER - DESABAFO DE UM MÉDICO - Dr.Norton Sayeg

23 de outubro de 2013 1 comentário
Prezados amigos

Há mais de 25 anos me dedico ao estudo e tratamento da doença de Alzheimer.

Fomos aprendendo devagar ás custas de muito estudo, dedicação e acompanhando de perto o avanço da ciência nessa área tão esquecida da medicina.

No passado , as vítimas, normalmente idosos, sofreram muito em conjunto com suas famílias, pois não tínhamos quase nada a oferecer para o alívio desse sofrimento que desestrutura a família e que rouba do ser humano o seu bem mais precioso ; seu poder de pensar, raciocinar e conduzir sua vida com independência e liberdade exercendo sua cidadania.

À medida que a doença evolui a pessoa vai perdendo gradativamente sua liberdade e passa a depender de terceiros para sobreviver.

Fundamos uma associação para ajudar os familiares para que juntos pudessem enfrentar essa verdadeira epidemia com base na solidariedade e na informação correta e atualmente a Associação Brasileira

de Alzheimer é uma realidade que presta um serviço inestimável para milhares de famílias vitimadas.

Começaram a chegar novidades com novos medicamentos e esses recursos associados a uma informação correta além da intervenção de outros profissionais da área de saúde melhorou muito esse

cenário com o retardamento da evolução da demência e com a melhoria da qualidade de vida dessa população de portadores.

Editamos um site específico para essa doença: www.alzheimermed.com.br, com informações corretas e práticas no sentido de alcançar mais pessoas sem acesso a médicos especialistas para ampliar e conscientizar a sociedade que essa é uma grave questão de saúde pública e q eu merece ser tratada como uma prioridade nacional.

Não satisfeitos com essas ações, fundamos também um grupo de apoio a familiares na Internet , onde atualmente mais de 3 mil familiares trocam informações de como podem tratar e cuidar melhor de seus entes queridos portadores de Alzheimer.

Estamos, atualmente, diretamente envolvidos na pesquisa de novas drogas que impeçam o avanço e até a instalação da demência e o horizonte começa a ficar mais claro e com esperanças que a cura dessa terrível enfermidade esteja mais próxima e acessível.

Mesmo assim, este cientista e pesquisador, um médico prático que atende e vive seu dia a dia envolvido com seus pacientes, sente que muito ainda deve ser feito e que ainda estamos longe de fornecer o que já existe e já está comprovado para que esses pacientes tenham um tratamento digno e correto.

É raro, muito raro, que na primeira consulta em que examino o paciente, eu constate que seu caso estava sendo bem conduzido e sendo medicado adequadamente.

Não estou aqui culpando ninguém, muito menos os meus colegas médicos ou os familiares, pois sei que todo médico quer dar o melhor de seus conhecimentos para o seu paciente, mas falta conhecimento e preparo.

Falta informação e treinamento.

O resultado é previsível => pacientes mal orientados perdendo a chance de obterem melhora e controle comportamental.

Insisto, neste breve desabafo, que os familiares devem procurar ajuda médica realmente especializada. Existem excelentes profissionais que conhecem os meandros dessa enfermidade e que podem fazer a diferença.

Sempre há o que ser feito e quase sempre há possibilidade de melhora.
Sempre há um recurso para contornar situações e comportamentos inadequados.
A doença de Alzheimer ainda não tem cura definitiva, mas lembre-se que ela pode e deve ser tratada, porém se o caso é mal conduzido a evolução é trágica , perde-se a qualidade de vida além de privar o paciente de receber os cuidados que a ciência já conquistou e que está disponível.

Pacientes bem tratados e cuidados evoluem de forma satisfatória a aliviam a carga de cuidados e de sofrimentos de seus familiares, sempre desesperados em busca de ajuda, por menor que possa parecer, mas que podem representar pelo menos um alívio frente a essa doença devastadora.

Continuo acreditando no futuro e seguiremos confiantes.

Sempre à disposição de qualquer pessoa que necessite de uma orientação , agradeço a sua atenção a este post.

Atenciosamente

Dr.Norton Sayeg
Geriatria – Clínica Médica - Alzheimer
Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia -1999
Fundador da Associação Brasileira de Alzheimer
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1 comentários:

Anônimo disse...

Realmente é impressionante o despreparo ou até o descaso dos médicos em relação a essa doença. Nós, familiares de doentes idosos, ficamos desorientados diante das dificuldades e da falta de orientação séria e precisa.
Minha mãe, de 83 anos, foi diagnosticada há um ano como portadora de DA. Ela iniciou o processo com os sintomas clássicos da doença, ou seja, esquecimento, confusão mental e nervosismo diante destas situações. Passamos por três médicos (um neurologista e dois geriatras, dos quais um deles era particular e bem caro), que, apenas pelo mini exame do estado mental, afirmaram que se trava de DA, uma vez que ela não havia atingido os pontos necessários no exame. Ainda não convencida do resultado, procurei outro geriatra, também particular, que "desconfiou" que ela poderia estar confusa e esquecida em função de outros fatores, que não caracterizariam uma DA. Ele solicitou que ela fizesse um teste neuropsicológico para confirmar ou não suas suspeitas. E lá fui eu atrás de uma psicóloga referenciada que aplicasse tal teste.
Claro que tudo isso custa muito dinheiro na rede privada da saúde e, só neste teste, lá se foram mais R$ 1.500,00 (fora as consultas médicas), porém, ele pôde indicar, com um grau maior de confiabilidade, que minha mãe não tem DA, mas sim uma deficiência na sua funcionalidade, provocada pelo quadro depressivo e de ansiedade que ela apresenta já há vários anos. Portanto, ela estava sendo medicada de forma totalmente INCORRETA desde que foi ERRONEAMENTE diagnostica como portadora de DA. E olha que nem estou falando da rede pública de saúde, pois todos os profissionais consultados ou eram do convênio médico ou particulares.
Esse meu relato é só mais um exemplo de como estamos desamparados diante destas situações e fico pensando em quantos idosos estão sendo medicados incorretamente, agravando sua situação de saúde por pura negligência e despreparo de muitos médicos.
A população brasileira está envelhecendo e, num futuro breve, a participação de idosos no total da população aumentará substancialmente e será maior do que o número de crianças até 15 anos de idade. Será que o governo, a rede de saúde e o setor de serviços estão preparados para amparar esses idosos? Vamos ver, mesmo porque, nessa população futura de idosos, estaremos nós, cuidadores dos atuais idosos.