O máximo permitido, no entanto, é de 0,2 g/l. Qualquer motorista flagrado acima deste índice estará sujeito às punições previstas pela lei federal - multa de 955 reais, perda da carteira de habilitação e carro apreendido. No caso de ultrapassar 0,6 g/l no exame de sangue o cidadão está, teoricamente, sujeito a pena de meses ou anos de prisão. Ninguém é obrigado a fazer o teste do bafômetro. Neste caso, o motorista será encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame clínico. Com o tráfego maluco nas cidade até a pessoa chegar ao IML, aguardar sua vez, ser encaminhada para a fila e posteriormente aos exames, é possível que o índice de álcool em sua circulação já esteja menor. A pessoa também pode recusar colher o sangue mas, neste caso, já é bom ter a assistência de um advogado.
O álcool de bebidas comuns apresenta-se em grau variável, desde cerca de 15g em uma lata de cerveja, aproximadamente 24g por garrafa de vinho de mesa ou valores bem mais elevados para bebidas como cachaça, uísque e vodca. A substância é muito bem absorvida no nosso sistema gastrointestinal, principalmente no intestino delgado logo abaixo do estômago. Em seres humanos jovens e saudáveis o estômago absorve 25% e o intestino 75% do álcool ingerido. O pico de concentração de álcool na circulação é variável. Quando a pessoa está em jejum a maior concentração é atingida entre 45 a 90 minutos, enquanto que indivíduos que estão comendo, junto com a bebida alcoólica, o pico de concentração pode ser retardado - 60 a 120 minutos.
Todos nós sabemos que o álcool afeta o sistema nervoso central, mas o efeito do álcool é mais intenso no "computador central", isto é, o cérebro (área cortical), tornando mais lento o raciocínio, ativando o sistema emocional, acelerando a área da fala (menos inibição, mais vontade de falar, maior sociabilidade). Com mais álcool no corpo o chamado sistema límbico é ativado surgindo formas exageradas de emoção, raiva, agressividade e, inevitavelmente, a perda de memória do que ocorreu. Não se esqueça que o álcool reduz a capacidade sexual, após ultrapassar certo limite e aumenta consideravelmente o volume de urina (por inibir o hormônio que controla os rins).
O fígado, como muitos sabem, é o principal órgão de eliminação do álcool ingerido (95% do álcool é processado metabolicamente pelo fígado). Um número que todos podem guardar é que a capacidade do fígado processar o álcool é de 7 a 12 centímetros cúbicos (mililitros) por hora, com nível médio de 9 mL/hora. No entanto a habilidade do corpo de processar o álcool depende de vários fatores:
- Peso corporal: quanto mais magro maior o efeito do álcool no seu sistema nervoso central e respectivas conseqüências.
- Gordura: o obeso terá menor concentração de álcool no sangue comparativo ao magro. Os grandes obesos têm uma imensa capacidade de beber álcool sem, aparentemente, demonstrar os efeitos que todos conhecemos.
- Mulheres: as mulheres têm maior proporção de gordura corporal e menor porcentual de água. Decorre deste fato que para a mesma quantidade de álcool ingerida a mulher irá atingir maior valor de álcool na circulação. Mas as mulheres têm uma vantagem: eliminam o álcool mais rapidamente que o homem.
- Idade: um idoso acima de 60 anos também terá maior concentração de álcool do que um jovem de 20 para a mesma dose de bebida alcoólica ingerida.
- Na balada: o ato de dançar, o entusiasmo e a respiração muito mais rápida fará com que o álcool saia pelo ar expirado. Os músculos irão utilizar o álcool como fonte de energia e o teor na circulação irá gradativamente cair a níveis aceitáveis.
- Tolerância individual: quem nunca bebe e resolve tomas uns drinks irá rapidamente atingir níveis elevados de álcool no sangue. Os habituados a beber têm metabolismo do álcool até 75% mais eficiente que os que nunca bebem.
- Alimentação: a comida resulta em absorção mais lenta de álcool e possivelmente evita de se chegar a picos de concentração muito elevados. O estômago cheio evita que a mistura de comida e álcool chegue ao intestino onde, como vimos, a maior parte do álcool é absorvido.
Se você saiu para jantar e tomou uma ou duas taças de vinho, o melhor a fazer é tomar um líquido açucarado após a refeição. A glicose (Dextrosol) ou a sacarose ingerida irá auxiliar o fígado, a cortex cerebral, a metabolizar o álcool mais rapidamente e, conseqüentemente, reduzir o valor de álcool na circulação. Mas não há estudos que garantam que o limite do álcool ficará abaixo dos 0,2 g/l previstos pela lei. O melhor a fazer é pegar um táxi.
Prof. Dr. Geraldo Medeiros
Médico endocrinologista
Prof. FMUSP
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