DR. GOOGLE ESTÁ PRECISANDO DE UMA RECICLAGEM |
Dr. Ricardo Teixeira Saúde é um dos campeões de audiência quando se fala em busca de informação na internet. Nos últimos anos, a internet possibilitou uma democratização da informação como nunca antes vista, permitindo que o indivíduo que sofre de algum problema de saúde tenha uma postura mais ativa frente ao seu médico / terapeuta, com mais repertório para trocar informações. Por outro lado, a relação com o "Dr. Google" não deixa de ter suas armadilhas, já que a internet quase não tem políticas de regulação sobre seu conteúdo. Pesquisadores da Universidade de Florença acabam de publicar um artigo no British Medical Journal acendendo a discussão para a criação de algum tipo de regulação na qualidade de informação em saúde. Os autores descrevem a experiência de se digitar o termo "aloe" no Google e nos primeiros resultados da busca poder ser encontrado que Aloe arborescens é indicado no tratamento e prevenção do câncer (efeitos sem comprovação científica), e claro que o site vende o extrato da planta. Essa é uma experiência que qualquer um pode ter ao digitar Ginkgo biloba e receber várias ofertas de que a plantinha é capaz de melhorar o desempenho cerebral, efeitos também sem qualquer comprovação. É sabido que boa parte dos lucros do Google tem origem na publicidade associada aos termos de busca usados. Isso chega a situações críticas como foi o caso de uma notícia de assassinato nos EUA em que as partes do corpo da vítima foram escondidas em uma mala. Ao acessar essa notícia, podiam-se ver anúncios de malas no topo da página. O Google tem investido no incremento de filtros que impeçam esse tipo situação, mas esses dispositivos ainda precisam de muito aprimoramento. Outra sugestão seria a proibição de links patrocinados quando os termos de busca forem relacionados à saúde. No caso da experiência "aloe", os pesquisadores italianos encontraram o link patrocinado do Padre Romano Zago que cura câncer com Aloe arborescens. O Google certamente tem grande interesse em aprimorar os mecanismos de filtragem para amenizar os riscos de levar informação errada à população. Enquanto isso não acontece, é importante que os diferentes setores da sociedade continuem a cobrar uma solução para o problema. Antigamente, ao procurar o significado de uma palavra em um dicionário de qualidade, não havia qualquer tipo de surpresa. Hoje, na pescaria do Google, fisga-se peixes graúdos, assim como botinas velhas. Dr. Ricardo Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp. Atualmente, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e dedica-se ao jornalismo científico. É também titular do Blog "ConsCiência no Dia-a-Dia" e consultor do Grupo Athena. |
3 comentários:
Cara SILVIA
Muito obrigado pos esta lição.
As coisas que nós aprendemos por aqui!
Obrigado pela visita e gentis palavras.
Bjs
G.J.
Acho que nas questões de saúde, deveríamos banir o google.
bj
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que licção,
e gratuita, obrigado,
,
conchinhas,
,
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