1.o Colocado "LONGEVIDADE HISTÓRIAS DE VIDA BRADESCO SEGUROS" 2012

Deus, velhice e filmar em Nova York

19 de maio de 2013 3 comentários
Aos 77 anos, Allen, cineasta prolífico e nova-iorquino emblemático, quase nunca tratou de religião. Mas a idéia de fé permeia seu mais recente filme, You Will Meet a Tall Dark Stranger (Você Vai Encontrar um Estranho, Alto e Moreno), em tradução livre, que a Sony Pictures Classics lança na próxima quarta-feira nos Estados Unidos.
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No filme, enquanto a união de um casal de Londres (Anthony Hop­­kins e Gemma Jones) se desfaz, a mulher procura conforto no sobrenatural, o que acaba tendo consequências imprevisíveis sobre o casamento da filha (Naomi Watts) e do marido (Josh Brolin).
“Para mim”, diz Allen, “não há diferença real entre uma cartomante ou um biscoito da sorte e qualquer uma das religiões organizadas. São todos igualmente válidos ou inválidos, na verdade. E igualmente úteis.”
Allen falou com Dave Itzkoff sobre seu novo filme e sobre como os temas nele presentes ressoam em sua vida, e respondeu se esse é ou não seu último filme ambientado em Nova York. A seguir, um pequeno trecho da conversa.
Como o senhor se sente quanto ao envelhecimento?
Bem, sou contra. [Risos] Acho que não tem vantagem qualquer. A gente não ganha nenhuma sabedoria com o passar dos anos. Só decai, é o que acontece. As pessoas tentam colocar um verniz bonito na história, e dizer, bem, que a gente relaxa com a idade. Passa a compreender a vida e aceitar as coisas. Mas qualquer um trocaria tudo isso por ter 35 anos novamente. Experimentei essa coisa de acordar no meio da noite e começar a pensar sobre a própria mortalidade e visualizá-la, e isso me arrepia um pouco. É o que acontece com Anthony Hopkins no início do filme, e a partir daí ele não quer mais ouvir da esposa, mais realista: “Ah, você não pode continuar fazendo isso – não é mais um jovem”. Sim, ela está certa, mas ninguém quer ouvir isso.
Envelhecer mudou seu trabalho de alguma forma? O senhor vê uma certa melancolia emergindo de seus filmes mais recentes?
Não, é muito na tentativa e erro. Não há qualquer rima ou razão naquilo que faço. É o que parece certo naquele momento. Nunca em minha vida vi nenhum filme meu depois de lançado. Nunca. Não vejo Um Assaltante Bem Trapalhão desde 1968. Não vi Noivo Neurótico, Noiva Nervosa ou Manhattan ou qualquer filme que fiz, depois dos respectivos lançamentos. Se estou fazendo minha esteira, zapeando na tevê, e me deparo com um deles, mudo de canal imediatamente, porque sinto que assistir só poderia me deprimir. Serviria apenas para eu sentir: “Ah, Deus, isso está tão horrível, se pelo menos eu pudesse fazer de novo”.
Quando o senhor tem algum tempo ocioso entre um projeto e outro, como agora, como costuma usá-lo?
Com as coisas de sempre. Levo meus filhos à escola no período da manhã. Faço caminhadas com minha esposa, toco com minha banda de jazz. Depois, há a obrigação da esteira e dos pesos, para manter a forma e não ficar mais decrépito do que já estou. Geralmente não vejo os filmes grandes de Hollywood. Outro dia vi Winter’s Bone [ainda sem título em português] e gostei muito, adorei os atores todos. E, quando estava em Paris, tive a chance de ler um bocado, Tolstoi e Norman Mailer. Coisas que tinham me escapado ao longo dos anos.
Tradução de Christian Schwartz.
Fonte: The New York Times.

You Will Meet A Tall Dark Stranger - Official Trailer




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3 comentários:

Beth/Lilás disse...

Este cara é um gênio, adoro seus filmes e vi o penúltimo que achei excelente!
Só fiquei chateada com ele no caso da filha adotiva que ele resolveu transformá-la em sua nova mulher (também não tenho nada com isso), mas achei um desrespeito com a pobre da Mia Farrow.
Muito boa a entrevista.


bjs cariocas

Beth/Lilás disse...

Hulálá! E eu amo ainda por cima Hopkins!
Tenho que ver correndinho este filme!
bjs

welze disse...

aguçou minha curiosidade. boa noite