No final de abril deste ano as embalagens e bulas passaram a incluir a seguinte frase: “Venda sob prescrição médica - só pode ser vendido com retenção da receita”. O mês também foi o prazo final para que farmácias e drogarias concluíssem a adesão ao processo de escrituração das receitas, registrando a venda no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).
A proposta para restringir e tornar mais rígidas as vendas de antibióticos no Brasil teve como objetivo diminuir o consumo desnecessário desses medicamentos e evitar o aumento da resistência bacteriana a essas drogas. Segundo o infectologista Jaime Rocha, a medida da Anvisa é extremamente benéfica já que, na prática, uma boa parte das vendas de antibióticos era feita sem nem mesmo a apresentação de uma receita médica. “O antibiótico é o único medicamento com impacto social. Se uma pessoa usa mal o antibiótico, pode-se induzir uma resistência bacteriana para outros pacientes, ou seja, ele pode deixar a bactéria ainda mais resistente e trocar material genético com outras bactérias, atingindo o que chamamos de transmissão horizontal,” explica o especialista.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) mais da metade das prescrições de antibióticos feitas no mundo é inadequada. De acordo com Jaime Rocha, para minimizar esse problema existem exames como o antibiograma que ajudam o médico a escolher o antibiótico mais apropriado para o paciente. “O uso de antibiótico deve ser pautado em diagnóstico preciso, clínico, laboratorial e microbiológico”, reforça.
Outra análise que auxilia a prescrição correta de medicamentos é a procalcitonina (PCT), que diagnostica a infecção bacteriana grave do organismo, chamada no jargão médico de sepse. Segundo o infectologista, o resultado desse exame pode resultar na diminuição dos efeitos colaterais das medicações, bem como da resistência bacteriana e de custos hospitalares, pois pode auxiliar na retirada de antibióticos.
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