Dr. Durval Damiani, e professor da Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
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Bomba de insulina: eu posso?
30 de janeiro de 2012
1 comentário
O diabetes mellitus é uma doença metabólica caracterizada
por um aumento anormal do açúcar ou glicose no sangue.A glicose é a principal
fonte de energia do organismo porém, quando em excesso, pode trazer várias
complicações à saúde, como ataque cardíaco, derrame cerebral, insuficiência
renal, problemas na visão, amputação do pé e lesões de difícil cicatrização,
entre outras.Um estudo apresentado durante audiência pública na Assembléia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) mostra que o Brasil está em quinto no
ranking mundial da doença. 7,5 milhões de pessoas com diabetes. O Brasil é o
quinto colocado na lista de países com o maior número de pacientes com
diabetes.A frente do Brasil, estão, em ordem decrescente, no ranking mundial de
incidência em diabetes: Russia, Estados Unidos, China e Índia.
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Quando se fala em bomba de insulina, muita gente logo pensa
em um aparelho capaz de resolver todos os problemas para controlar o diabetes,
é isso mesmo?
Dr. Durval Damiani - Em primeiro lugar, devemos
considerar que a bomba não precisa ser indicada a todas as pessoas com
diabetes, pois é possível manter um bom controle da glicemia sem ela. A bomba é
dispensável, por exemplo, para aquelas pessoas que conseguem controlar a
glicemia sem nenhum problema, apenas fazendo as aplicações de insulina com
seringa ou caneta, além de fazer a monitorização da glicemia com testes
freqüentes e diários.
Já para quem encontra dificuldades em controlar a glicemia,
por diferentes motivos, o uso da bomba é bastante recomendável, pois ela age
como uma ferramenta de administração de insulina precisa e programável durante
as 24 horas do dia. Ou seja, trata-se de um método que funciona de forma muito
semelhante ao pâncreas de uma pessoa sem diabetes.
Quer dizer então que a bomba é indicada só para quem tem
problemas de estabilizar o controle da glicemia?
Dr. Damiani - Não, o sistema pode ser usado também para
quem tem um bom controle. Vamos pensar naquele adolescente que gosta de sair
nas baladas, de passear com os amigos e quer ficar mais à vontade. A bomba
também é recomendável para pessoas que se sentem incomodadas ou constrangidas
em fazer aplicações de insulina com seringas e agulha. Sem dúvida que a bomba
proporciona maior conforto e sensação de liberdade. Mas também, não adianta uma
criança, um rapaz ou uma moça adotar o uso da bomba achando que isso vai
liberar para o consumo desenfreado de doces e alimentos extremamente calóricos.
Precisa ter bom senso, tem que continuar com hábitos saudáveis, pois aí sim o
uso da bomba será bastante proveitoso.
O custo da bomba e dos insumos para seu uso é bastante
elevando atualmente. Qual é a relação custo/benefício que este método pode
proporcionar a quem tem diabetes?
Dr. Damiani - Vamos voltar ao portador de diabetes que
está sempre bem controlado. Neste caso, provavelmente a pessoa não terá
problemas com as complicações do diabetes. Porém, aquele que tem grande
dificuldade de manter a glicemia estável, certamente irá enfrentar tais
complicações, como dificuldades na visão que podem evoluir para cegueira,
problemas renais que exigirão tratamento de hemodiálise, dificuldades para o
sistema circulatório que podem causar amputações e outras conseqüências graves.
Diante desta perspectiva, o custo do tratamento destas complicações é muito
mais caro do que o preço da bomba de insulina de seus insumos. Então, se
levarmos em conta e se o objetivo é ter um melhor controle da glicemia, então
vale a pena investir na bomba, pois este investimento compensará pelo que o
paciente ganhará em qualidade de vida e prevenção das complicações. Ainda assim,
volto a enfatizar que é possível conseguir todos estes benefícios sem a bomba
de insulina, desde que se controle bem a glicemia, com alimentação programada,
tratamento adequado com insulina, atividade física e monitorização freqüente da
glicemia capilar. Logicamente seria impossível colocar bomba de insulina em
todos os portadores de diabetes, pois realmente é um investimento caro.
Qual é o custo médio do tratamento com a bomba?
Dr. Damiani- Um estudo realizado nos Estados Unidos concluiu
que o uso da bomba de insulina representa um custo anual de cerca de 5.700
dólares. Já para as pessoas que fazem o tratamento intensivo com múltiplas
aplicações de insulina usando seringa ou caneta, o custo médio anual fica em
torno de 4 mil dólares, enquanto que o tratamento convencional com uma ou duas
aplicações de insulina por dia custa em média 1.600 dólares por ano. Portanto,
o custo do tratamento com a bomba de insulina é 3 ou 4 vezes mais caro que o
tratamento convencional com uma ou duas aplicações de insulina com seringas ou
canetas.
Qual a sua mensagem final para quem pretende usar a bomba de
insulina?
Dr. Damiani - Acredito que este seja um recurso muito
interessante, mas não é imprescindível ao tratamento do diabetes, pois o
paciente pode ter um bom controle sem o uso deste aparelho. Por outro lado,
mesmo aquele paciente que mantém um bom controle do diabetes e queira usar a
bomba, tudo bem, use-a, pois o método vai simplificar a sua vida.
Para finalizar, o que o Dr. Damiani aconselha a quem já usa
a bomba?
Dr. Damiani - Neste caso, a pessoa precisa continuar se
monitorando direito e jamais deve pensar que a bomba faz tudo sozinha. A bomba
é apenas um aparelho de infusão de insulina e ela só funciona direito se houver
um comandante: a pessoa que a utiliza.
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes.
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1 comentários:
Silvia,
O texto está cortado no final da linha. Como faço para visualizá-lo inteiro?
Bjos
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