Cinco motivos para terminar com seu médico
13 de janeiro de 2012
1 comentário
Ele não te ouve.
Se seu médico é incapaz de ouvir o que você diz sem te
interromper para contradizer ou geralmente releva suas queixas, é hora de dar
tchau.Quando eu era estudante, não esqueço de uma mulher de cerca de 50 anos
que procurou o hospital três dias seguidos queixando-se de dor de cabeça. Vi os
médicos mandando-a para casa apenas com analgésicos e calmantes, alegando que a
mesma era “pitizenta conhecida na casa”. Até ela
ser encontrada inconsciente na calçada e descobrirem que o “piti”era um aneurisma que havia rompido na cabeça dela.
Ele sempre atrasa.
Não importa se é porque ele marca pacientes em excesso para
um mesmo horário ou se sempre chega atrasado seja lá de onde for. Se for pelo
primeiro motivo, é promiscuidade e ganância. Imprevistos acontecem, todos
sabemos. Mas, se o comportamento se repete, é falta de respeito mesmo. Você
também tem compromissos igualmente importantes em sua vida que estão sendo
desconsiderados. Fuja.
Vocês são muito diferentes.
Se no amor já existe dúvida de que opostos realmente se
atraem, em uma relação médico-paciente é que isso não se pode ser inocente e
achar que isso vai funcionar. Se você gosta de conversa-mole,
mão na cabeça e de falar os mínimos detalhes de seus sintomas e de todas as
doenças que já teve, desde a escarlatina na infância não escolha um médico
resolutivo, direto e formal. Da mesma forma, se você gosta que seu médico
exponha os prós e contras de um tratamento para que ambos cheguem a uma
decisão, não escolha um médico autoritário e mandão.
Ele te mantém no escuro.
Se alguém está interferindo naquilo que deveria ser a coisa
mais importante da sua vida (sua saúde), você deve exigir que ele justifique o
que está propondo de forma clara e objetiva. E com termos que você seja capaz
de entender. Você não é obrigada a falar mediquês.
Mas ele é obrigado a falar de uma maneira que te permita assimilar a
informação. E, se ele ficar irritado quando você não entender algo ou tirar
alguma dúvida sobre um tratamento que ele indicou, o doutorzão
é inseguro ou prepotente. E, consequentemente,
inadequado para você.
Ele é incomunicável.
Em um mundo com celular, serviços gratuitos de SMS, email,
Skype e Facebook, o médico deve estar disponível para sanar eventuais e
inesperadas dúvidas à distância. Situações aceitáveis para entrar em contato
são o pós-operatório de uma cirurgia a que você tiver sido submetida ou em caso
de piora de alguma doença que está sendo tratada, por exemplo. Com limite e
ponderação, claro. Por mais que seja difícil acreditar, ele tem sim uma vida
particular fora daquele consultório. Se você o consultou por conta de uma
gripe, por exemplo, não adianta ligar falando que ainda está se sentindo mal.
Ele não é mágico e não terá como ajudar. Entretanto, em caso de emergências, é
importante saber que você conseguirá falar com ele. Se o sujeiro
for do tipo cujo celular só dá caixa postal e que tem email do BOL, risque-o da
lista.
Não é porque um médico foi excelente para algum conhecido
seu, que ele vai ser ideal para você também.
Quando tive depressão, uma amiga
me indicou um psiquiatra “fantástico”. Primeiro porque ele questionou meu
diagnóstico de depressão (eu já era médica, tinha todos os sintomas do checklist e não tenho nada de pitizenta)
e segundo porque ele fez uma analogia entre o que eu estava sentindo e o
FUTEBOL. Não preciso dizer que agradeci pela explicação que esbanjava cultura e
que nunca mais voltei.
A OMS preconiza como parâmetro ideal de atenção à saúde da
população a relação de 1 médico para cada 1.000 habitantes. No Sudeste, há
1/455. No Sul, 1/615. No centro-oeste, 1/640. Ou seja, você pode escolher o que
te faz bem. Literalmente.
(no Nordeste (1/1063) e no Norte (1/1340), você vai ter um
pouquinho mais de trabalho, mas também consegue. Não se acomode.)
Autora: Dra. Mariana Perrone (médica intensivista)
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1 comentários:
Poxa, que médica bacana esta que conseguiu dizer tudo o que a gente pensa, mas não consegue contextualizar!
bjs
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