Um casal vivia tranqüilo em sua casa, ele trabalhando e viajando bastante, ela trabalhando também. Quando ele viajava, ela não tinha compromisso com horários de refeições, com horários de acordar ou deitar, mantinha a rotina do seu relógio biológico. Nos finais de semana, viajavam, jantavam fora, saiam com amigos, sem qualquer preocupação de horário, enfim, vida tranqüila, planejada e feliz.
Até que um dia, a mãe dele com 79 anos tem um AVC, hospital... UTI...
Os problemas de ordem prática começam a surgir.
- as minúsculas letrinhas do convênio médico, se tranformaram em maiúsculas: O CONVÊNIO SÓ DARÁ COBERTURA DE 30 DIAS DE UTI AO ANO, e ela já tinha usado UTI outras vezes durante o ano, a UTI deixou de ser coberta pelo convênio e tornou-se particular.
- na internação o médico comenta sobre o estado de subnutrição, fala sobre a prótese inadequada sobre a deficiência auditiva,sobre o estado de apatia e depressão, e de outras situações que caracterizam o abandono e o estado de negligência que a sogra se encontrava.
Começam as mudanças na vida do casal, visitas diárias na UTI, conversas com médicos, nutricionista, fisioteraupeuta, otorrino, fonodióloga etc..
E a pergunta que não quer calar, para onde irá a sogra, após a alta?
Ele propõe alugar um apto. e colocar uma cuidadora, tem a certeza que ela não poderia voltar para onde estava sendo tão mal cuidada.
Ela, pensa, pensa, pensa... lembra da mãe dela também idosa, que é tratada com tanto amor, zelo e carinho e decide que a sogra, mãe de quem ela ama, deveria receber mais do que os cuidados de uma pessoa especializada porém estranha, e decide que é na casa deles que ela deveria ficar.
A vidinha toda tranqüila vira do avesso, já que ele precisa continuar o seu trabalho.
- Idas constantes a médicos, aparelho auditivo, prótese dentária, fisioterapia.
Arrumação do quarto, desmonta quarto do filho, monta o quarto do filho em outro, monta quarto da sogra no ex quarto do filho, mudança de interruptor de luz, mesa de cabeceira, cama um pouco mais alta para ajudar a ela a se levantar e facilitar a quem a ajuda a sair da cama.
Barra no banheiro, providênciar cadeira para o box do banheiro, já que ela ainda fraquinha precisa tomar banho sentada, tirar tapetes do corredor, relógio para despertar no horário das medicações, observar reações da medicação, horário certo das refeições com cardápio elaborado pela nutricionista, que compõe, 06 refeições diárias.
Ufa!!! Você se cansou? A nora também... mas, foi se ajustando a nova rotina.
E valeu a pena ver que a sogra hoje, está corada, se alimentado bem, voltou a sorrir, está mais falante, já arrumou uma amiga no condomínio com quem hoje faz a caminhada e tomal o sol da manhã, já anda passeando finais de semana fora... enfim renasceu.
Essa historinha é real, e pode acontecer com qualquer um que tenha idosos na família, a nora não estava preparada pra isso, mas teve que se preparar, e buscou recursos e informações pra isso.
Parte 2 -
Porque a sogra ficou tão debilitada?Sinta-se em casa e deixe seu comentário.
6 comentários:
Silvia querida!
Desculpe minha ausência, mas vc sabe que dividi estes últimos dois meses com o filho em férias e o computador também, então ler textos maiores me tomavam tempo e ele ficava ansioso para usar o mesmo, assim que preferi deixá-lo retornar e só agora estou aqui para, com todo prazer, ler seu excelente blog.
Esta história, que sei que é verdadeira, que pode acontecer até comigo ou outra pessoa qualquer na nossa faixa etária, é comovente e dá orgulho saber que existem pessoas como esta nora fantástica que passou por cima de tudo para ajudar e agradar a mãe de seu marido. Tenho por esta nora um profundo respeito e consideração e acho que o marido dela, além do grande orgulho por tê-la como esposa, ama-a de paixão mais e mais a cada dia.
Teu post é providencial para que as pessoas pensem sobre o que a vida pode nos aprontar de repente.
beijos grandes cariocas
O filho da sogra, que não é muito chegado em comentar em blogs, mandou um comentário por e-mail que copio aqui:
Silvia.
Confesso que foi muito sincera a proposta de acolher minha mãe em um apto. e deixá-la aos
cuidados de alguém especializado, porque tenho uma vaga noção que cuidar de uma pessoa
idosa e tão dependente seria extremamente trabalhoso. No entando, a nora em questão, foi
extremamente generosa, mas não me surpreendeu, porque observo o cuidado e carinho sem
medidas que ela dedica aos pais e que dedicava a avó que eu tive a felicidade de conhecer.
Essa nora, é dedicadíssima para com a minha mãe, muito mais do que nós nossos filho o somos.
Sou extremamente orgulhoso dela por essa e por outras tantas qualidades que ela tem.
Silvia, querida,
Não estava conseguindo abrir seu blog, e só agora leio esse post tão lindo, que retrata o verdadeiro amor.
Parabéns por sua compreensão e dedicação.
É uma atitude difícil de ser tomada, e difícil de ser encontrada.
Beijos.
Oi, Silvia, adicionei o outro blog tb... em tempo, leio mais detidamente e opino, mas sempre estou por cá... bjaum! ;)
Silvia,
Num falei!
Que amor de marido, aliás quanto amor vocês emanam, assim a vida fica mais fácil de ser levada!
beijinhos cariocas
Olá Sílvia querida
lembro bem que a última longa e boa conversa que tivemos, foi justamente dias depois do ocorrido.
E sabia bem que você tiraria de letra e que ao seu lado sua sogra iria se recuperar e ter uma qualidade de vida!
Fico feliz por ter uma amiga como você e por ver esse amor lindo entre sogra e nora.
Agora sei porque anda sumida e saiba que sempre estarei pertinho e se precisar pode contar comigo!
beijos
Postar um comentário