Hoje, ao receber um abraço carinhoso da minha mãe, e ouví-la agradecer, pelos cuidados que tenho por eles, eu só pude dizer - Isso não é nada próximo ao tanto que vocês fizeram por nós.
Além da minha gratidão, há o amor ,
e a certeza de que seremos muito menores se não
cuidarmos dos nossos ente queridos.
Senti por parte dela naquele abraço um
sentimento puro de agradecimento e também uma
comunicação de quanto esses cuidados
são importantes.
Me lembrei que recentemente uma senhora de 78 anos, ativa, que teve o pé
esmagado por um cidadão décadas mais jovem, que pisou no seu pé
apenas para viajar sentado, quando, sem que nenhuma lei fosse necessária para
lembrá-lo, que o correto seria ceder-lhe o lugar. Que educação é essa, o que está
sendo feito para preparar essa geração para receber os milhões de idosos que se
projeta que o Brasil terá em um curto espaço de tempo? Na cabeça de muitas
pessoas e na minha, certas ações deveriam ser naturais sem que houvesse
necessidade de um estatuto ou de uma constituição nos lembrando delas. Elas são
feitas então para as “cabeças” que ficaram de fora desse parágrafo?
Sei de filhos e netos, que raramente dão um simples
telefonema aos pais e avós, que não assumem suas responsabilidades, que
abandonam os pais, ou avós, transformando o não cumprimento das
responsabilidades que antes eram apenas morais e hoje figuram em crime, (O
Estatuto do
Idoso), em vigência desde 1º de outubro de 2003 (Lei 10.741), assegura
direitos fundamentais às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos.
E imaginando o nosso futuro, mesmo que tenhamos saúde a
certa altura da vida, podemos perder permanente ou temporariamente a nossa
independência e autonomia, porém, lúcidos, tendo consciência de tudo o que está
acontecendo ao nosso redor, quem cuidará de nós?
E quando perdermos a nossa capacidade de ir e vir, de
realizar atividades sem a ajuda de terceiros, quando perdermos a nossa
autonomia, (habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como
se deve viver diariamente), quem cuidará de nós?
E se não tivermos nosso estado de saúde cognitivo
preservado, como a Doença de Alzheimer que compromete o modo de pensar, agir,
tomar decisões, quem cuidará de nós?
Reflitam.
Sinta-se em casa e deixe seu comentário.
3 comentários:
Sílvia, as pessoas que não cuidam dos seus "velhos" é porque não tiveram a chance de aprender o sentido real do que é uma família e saber que as gerações são cíclicas - um jovem um dia será velho e será tratado como um dia tratou da geração anterior - tudo se repete!
Quanto as leis, elas são postas na obrigatoriedade até que um dia essas normas sociais tenham entranhado no foro íntimo de conduta de cada cidadão. Infelizmente nem sempre o foro íntimo ou as leis bastam.
Parabéns pelo carinho dispensado aos seus pais, um dia você receberá este mesmo carinho, porque é um exemplo para aqueles que convivem com você.
Boa semana!! Beijus,
Sílvia, um texto muito verdadeiro.
Sempre fui uma filha muito presente. Somos muitos irmãos (10) e todos fazem sua parte, pelo menos no quesito de ajuda financeira. Mas nem todos são presentes. Eu, atualmente, por N motivos, tenho ido vê-la pouco, e sinto muito, pois moro bem perto! Como sei que ela não fica sozinha, pelo menos me alivia mais.
Minha mãe é muito brava, muito lúcida, cobra-nos tudo e às vezes a impressão que tenho é de que ela se basta. Mas sei o quanto é apenas uma casca, o quanto é doce, terna, batalhou muito, foi uma verdadeira leoa cuidando de seus filhotes.
Estou sempre a postos, sou eu quem olha os remédios dela, cuidei por anos, praticamente sozinha, de sua casa. Este ano passei o bastão para uma irmã, pois não estava dando conta.
Todos os dias agradeço a Deus ela estar conosco, forte e bem cuidada.
Beijo!
É, minha amiga, as pessoas, principalmente aqui no país, pensam que vão ficar eternamente jovens, esquecem-se que o tempo passa rápido, como passou para nossos velhos.
Eu e minha irmã nos revezamos com o carinho e cuidados pela nossa mãe e ela, tão boazinha, noutro dia comentou com uma amiga aqui em casa que era feliz por ter filhas assim, que cuidam dela e deixam-na descansada para enfrentar sua velhice.
E você, eu sei bem o quanto é participativa com seus velhos, admiro-a muito e tem sido para mim uma grande incentivadora desses princípios.
beijão carioca
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