O temor muitas vezes é pior do que a própria lesão
O pensamento era o de que o tratamento poderia ser mais agressivo do que a própria lesão em si. Contudo, um estudo recente trouxe bons resultados sobre o assunto.
Um trabalho publicado no periódico Aging clinical and experimental research por pesquisadores do Rabin Medical Center, de Tel Avivi, em Israel, com o título de Squamous cell carcinoma of the oral tongue in patients over 75 years old, mostrou que o comportamento do câncer de boca em pacientes com mais de 75 anos não é diferente das outras faixas etárias. E mais: que o tratamento tem estatisticamente o mesmo efeito nesse grupo.
Os pesquisadores perceberam, inclusive, que a taxa de sobrevida de 5 anos observada nos pacientes com mais de 75 anos de idade foi maior do que no grupo com menor idade. Essa taxa nos pacientes mais velhos ficou em 65%, enquanto que no outro grupo ela foi de 58%. Esse dado, mesmo não tendo diferença estatística, chama atenção considerando os números absolutos. Os pesquisadores ressaltaram também que a maior dificuldade no tratamento do câncer de boca nos pacientes idosos foi o diagnóstico tardio da doença. Da mesma forma como acontece em qualquer faixa etária de pessoas com essa doença.
Quando essa lesão tem mais de três centímetros de tamanho já é considerada em fase avançada. E, devido ao seu perfil biológico, em pouco tempo pode atingir esse tamanho. Essas informações reforçam, ainda mais, a importância do diagnóstico precoce e a prevenção do câncer de boca. Por isso, é sempre relevante alertar que as pessoas devem observar na boca bolinhas ou caroços, mesmo que pequenos, manchas brancas, vermelhas ou escuras e feridas que até podem sangrar e doer. Nestes casos, é muito importante procurar um dentista para avaliação e a realização de exames como citologia esfoliativa ou biópsia, o que é necessário na maioria dos casos.
As pessoas com alguma alteração em boca não precisam ficar ansiosas com o pensamento de que se trata logo de um câncer. O temor muitas vezes é pior do que a própria lesão, já que afasta o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Inclusive, na maioria das vezes, essas alterações são benignas e não provocam danos mais sérios. Contudo, isso somente pode ser verificado após a realização desses exames preventivos.
ARLINDO ABURAD é dentista, patologista bucal do Hospital de Câncer de Mato Grosso,
doutor em Patologia Bucal pela USP e professor universitário.
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